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Crédito à habitação: Taxa fixa ou variável?

09.12.2022
Crédito

A opção pela taxa fixa no crédito à habitação está a aumentar, mas será que compensa?


Cerca de 90% dos empréstimos relacionados com o crédito à habitação em Portugal têm taxa variável, segundo o Banco de Portugal. Com a Euribor subir, o risco de as famílias não conseguirem fazer face às prestações mensais é maior. Por este motivo refletir sobre se no crédito à habitação devemos optar por taxa fixa ou variável torna-se ainda mais decisivo. Mas afinal o que significam estes termos?


TAXA DE JURO VARIÁVEL

Neste caso a taxa de juro dos empréstimos resulta da soma do indexante ou taxa de referência, a Euribor, e do spread.

A Euribor pode ser a três meses, seis ou um ano. O valor é revisto após o prazo a que se refere. No final deste tempo, o contrato será atualizado com base na média aritmética, arredondada à milésima da Euribor do mês anterior ao da atualização.

Quando o valor da Euribor é revisto, a taxa de juro do empréstimo pode subir ou descer refletindo-se no valor da prestação a pagar ao banco. Em novembro, por exemplo, a Euribor a seis meses, a mais comum em Portugal, situa-se nos 2,32%.

Neste momento o ciclo das taxas Euribor é de subida, o que acontece porque o Banco Central Europeu (BCE) está a aumentar as taxas de juro para os empréstimos que concede diretamente aos bancos ou para aceitação de depósitos. Desde julho o banco central já subiu as taxas para 1,25% com o objetivo de tornar o dinheiro mais caro e com isso diminuir o consumo e travar a inflação.

As Euribor são fixadas diretamente a partir da média das taxas de juro que um conjunto alargado de bancos da zona euro está disposto a conceder entre si, no mercado interbancário.

A alta inflação e a subida dos juros diretores fixados pelo BCE colocam as famílias em risco de incumprimento no que respeita ao pagamento das dívidas, já que o orçamento disponível está a diminuir. Portugal é apontado, juntamente com Espanha, Itália, Grécia e Chipre, como um dos países mais vulneráveis ao risco de não cumprimento das obrigações com o crédito.

Já o spread, ponderado também no cálculo da taxa variável, é definido pela instituição bancária no início de cada contrato.


TAXA DE JURO FIXA

Neste caso a taxa de juro do empréstimo mantém-se inalterada durante o prazo que tiver sido acordado com a instituição de crédito. Assim a prestação mensal será sempre igual. O cliente não estará dependente das oscilações do mercado no que respeita à Euribor. Por vezes, opta-se por uma taxa mista, em que durante um período a taxa é fixa, seguindo-se depois a variável. Geralmente as taxas fixas não são aplicáveis à generalidade do contrato (30 ou 40 anos), mas sim por 5 ou 10 anos.

Em condições normais de mercado, a prestação de um empréstimo a taxa de juro fixa é mais elevada do que a prestação indexada à Euribor. O cliente paga um preço mais alto pela segurança de não vir a ter a sua prestação aumentada. Mas deve ponderar bem esta escolha, pois se a Euribor descer a sua prestação não desce”, explica o Banco de Portugal.

E como se define esta taxa? A instituição de crédito define o valor tomando como referência a taxa fixa que se pratica no mercado interbancário para o mesmo prazo: a designada taxa de swap. Ou seja, para determinar a taxa fixa a cobrar por um prazo determinado, a instituição de crédito tem em atenção a taxa de juro fixa que durante esses cinco anos ela própria vai pagar para obter os fundos que vai emprestar.


NO ATUAL CONTEXTO A TAXA FIXA É MELHOR?

Apesar da taxa fixa estar em crescimento, esta opção é mais cara do que a variável. Em julho a DECO Protest pediu a 13 bancos propostas para um financiamento de 200 mil euros a 30 anos, para uma casa de 250 mil euros. Com base neste cenário seria possível pedir um empréstimo com taxa variável “com uma TAEG de 3,1%, que resultaria numa prestação mensal a rondar os 840 euros. No caso da taxa fixa, obteríamos, na melhor das hipóteses, uma TAEG de 4,9% e uma mensalidade próxima de 1050 euros”, explica a DECO.

No entanto, apesar da diferença que se verifica e que não é estática porque a Euribor está num ciclo de subida o que poderá significar que a diferença se vai atenuar, a grande vantagem da taxa fixa no crédito à habitação é que o consumidor sabe com o que contar todos os meses, já que a prestação não se altera com o contexto económico-financeiro. Se a Euribor continuar a aumentar de uma forma muita acentuada, a taxa fixa pode tornar-se mais económica em comparação com a variável.

“Quanto menor for o prazo em que a taxa permanece fixa, maior a probabilidade de não ocorrerem oscilações na Euribor que compensem o que vai pagar a mais face a um financiamento com taxa variável. Ou seja, um crédito com taxa fixa apenas por cinco anos, passando depois a estar indexado à Euribor pelo resto do prazo, pode não valer a pena”, explica a DECO.

Antes de tomar uma decisão, tenha também em consideração a sua personalidade e a forma como lida com a imprevisibilidade, para que possa fazer a melhor escolha para si.


Se ficou com dúvidas sobre se deve escolher a taxa fixa ou a variável, os intermediários de crédito MaxFinance podem ajudar de modo mais personalizado e acompanhar os clientes aos bancos.

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